sexta-feira, 6 de maio de 2011

O mundo está ao contrário e ninguém reparou?!


A notícia de que uma "mãe" teria jogado o seu bebê recém nascido numa caçamba de lixo em São Paulo, no último dia 26 de abril, ainda hoje (11 dias depois) me faz perder a fala e os demais sentidos.

Lembro-me de quando era criança, das brincadeiras do meu pai, que insistia em dizer, para me deixar irritada que “eu fui encontrada na lata do lixo". Meu pai caçoava do meu pouco senso de humor, porque isso era algo que realmente me fazia chorar (só conseguia parar de fazê-lo quando ele afirmava, em gargalhadas, que estava apenas brincando comigo).

Eu ouvia coisas relacionadas a isso, de mães que entregavam seus filhos em orfanatos e juizados de menores para serem adotados por outras famílias; ou até daquelas que, por não terem condições sociais e financeiras de criarem e educarem seus filhos, deixavam esta responsabilidade com amigos e familiares. Mas de uma atrocidade deste nível, confesso que nunca tinha tido conhecimento. A não ser na minha infância, na tentativa infeliz do meu pai de ser engraçado.

Em 2006, uma criança foi encontrada dentro de um saco plástico, à deriva, na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. E a história se repete. Mulheres dão a luz e "jogam fora" seus filhos como se estes fossem mercadorias estragadas e defeituosas.

Naquele ano talvez eu não entendesse tão bem quanto hoje o que isso significa. Aos 23 e com o anseio futuro (mais próximo do que aos 17) de ser mãe, com os sentimentos mais definidos sobre o que um filho representa na vida de uma pessoa, fatos como estes são inconcebíveis para o meu humano entendimento.
Depois de ser obrigada a testemunhar de tamanha barbárie, faço meus os versos da música Relicário, de Nando Reis: "O que está acontecendo? o mundo está ao contrário e ninguém reparou?". Decididamente, eu não sou desse mundo. Não desse mundo que temos hoje. E, como futura mãe que serei, não quero que este seja o mundo dos meus filhos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desejo a você...



Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel...
E muito carinho meu...

(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 29 de março de 2011

Das amizades que se constroem

E eu não tinha dúvidas de que, mais dia ou menos dia, essa história de blog para mim acabaria morrendo. Felizmente, a contrário da vida, não é uma morte definitiva. Hoje estou aqui para falar de pessoas "fofas", aquelas que merecem nossos préstimos, nossa atenção, respeito e estima. Aquelas pessoas que quando a gente precisa, estão lá, prontas para nos ouvir pacientemente e que colocam-se ao nosso dispor sempre que precisamos (egocentricamente) de uma atenção maior e mais intensa do que a que as pessoas comuns conseguem e são capazes de nos dar. São AMIGOS! Amigos recentes, amigos antigos. Às vezes os mais recentes cumprem esse papel melhor do que os antigos, porque ainda desconhecem muitos dos nossos defeitos. E saber o quanto somos importantes para as outras pessoas é algo que resulta e reflete no fato de querermos ser pessoas melhores para nós mesmos e para o mundo.

O grande Vinícius de Moraes disse, em certo momento, "Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos." E para mim não há nada mais sincero sobre a amizade do que este verso.

Um brinde às novas amizades que me surgem pelo caminho; E às velhas eu peço: Não desistam de mim! Porque no fim, o que sempre me resta, são as amizades sinceras que eu tenho nessa vida.

PS: Postei isso em homenagem a minha mais nova amiga, Anabelly, que hoje me escreveu um “depoimento fofo” no orkut.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Para o meu poeta...

Carmo


Pelas planícies escuras

Entre o asfalto e o aço

Meu braço enlaça o teu braço

E a noite joga seu manto sobre nós

Gritamos, mas ninguém ouve a nossa voz

Os pés desertos de espinhos

As mãos tateiam as trevas

A chuva rega a solidão

O coração sangra e pulsa

E nada mais importa,

Mesmo a vida tanto faz


De conta que, além da estrada torta,

Uma rosa murcha e morta reviverá

Faz de conta que a mentira que se conta

Não é sonho e nem verdade, mas será


Queda-te, me quedo

Queda-te, me quedo

Queda-te en los brazos del viento



Zeca Baleiro - Trilhas (Música para Cinema e Dança)


PS: E pensar que em novembro eu abracei e beijei este homem. Como eu queria que o mundo tivesse parado ali, naquele momento... (Coisa de fã mais besta.. rsrsrs)