segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A luz dos teus olhos...



Nalgum Lugar
Nalgum lugar em que eu nunca estive
Alegremente além de qualquer experiência,
Teus olhos têm o seu silêncio:
No teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
Ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
Embora eu tenha me fechado, como dedos, nalgum lugar
Me abres sempre pétala por pétala
Como a primavera abre (tocando sutilmente, misteriosamente)

A sua primeira rosa, sua primeira rosa
Ou se quiseres me ver fechado, eu e minha vida

Nos fecharemos belamente, de repente,
Assim como o coração desta flor imagina

A neve cuidadosamente descendo em toda parte
Nada que eu possa perceber nesse universo iguala
O poder de tua intensa fragilidade: cuja a textura
Compele-me com a cor de seus continentes
Restituindo a morte e o sempre cada vez que respiras
Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre,

Só uma parte de mim compreende que a luz
Dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.


E.E. Culmmings

PS: Perfeição chegou nestes versos, ficou e fez morada. Magnífico!

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