quarta-feira, 21 de julho de 2010

O grande


E o dia dele começava quando todos ainda dormiam. O sol nem chegava a dar o “ar de sua graça”. O quarto sempre escuro. Ouvia-se apenas o barulho das aves no céu. “Que inferno, o despertador já tocou!”, eram as primeiras palavras que ele dizia assim que acordava. Olhava para o teto e para as paredes como se quisesse desenhar tudo à sua volta e, rapidamente, corria ao banheiro a fim de tomar banho para ir à faculdade.
Exatamente às 4h da manhã, aquela água fria do chuveiro arrepiava-lhe até o último fio de cabelo. Enquanto a água escorria pelo seu corpo, cantarolava um trecho daquela música que, na noite anterior, dormira ouvindo.
Caçava no seu guarda–roupas uma camisa de malha, calça jeans e tênis. Depois que tomava seu café da manhã , apanhava o ônibus que o conduzia ao seu destino diário. A viagem era longa, mas a distância para a concretização dos seus objetivos era suavizada a cada dia, em cada quilômetro percorrido. E graças a esta maratona diária, eu o conheci. Conheci-o na faculdade, no curso de jornalismo, e tive a sorte de tê-lo por perto nos melhores anos da minha vida.
E ele sempre estava disposto a aconselhar seus amigos e ouvir os problemas de todos, inclusive os meus. Já perdi as contas das vezes que chorei com a cabeça encostada no ombro dele. Tem as mãos mais macias que eu já vi. O cafuné que ele faz cura todo tipo de tristeza e, ouso a dizer: cura doenças.
Sabe aquelas pessoas que sempre têm a palavra certa no momento certo? A amizade para mim ganhou um sentido diferente depois que o conheci: É estar perto simplesmente por querer estar perto, por saber que, junto dele, nada de mal podia me acontecer; é simplesmente entender que mesmo quando estamos distantes fisicamente estamos unidos por um laço indissolúvel. É um bem-querer desmedido e que me faz chorar de saudade quando não ouço a sua voz me falando coisas sérias, futilidades. É minha paz, meu apoio, minha confiança e meu portosseguro.
É ele, o menino vitoriense. O melhor amigo. O meu amigo Alexandre. E eu o amo tanto que receio não poder abrigar tamanho sentimento dentro do meu peito. Imaginar a vida sem ele seria como tirar algumas cores dos meus vinte e poucos anos. Queria colocá-lo numa redoma para que mal nenhum o acometesse.

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