segunda-feira, 19 de julho de 2010

O lado ruim da democracia

Mudar. Foi com este propósito que o povo brasileiro elegeu Lula pela primeira vez, em 2002. Ele era a esperança de toda uma nação aprisionada pelas desigualdades sociais e culturais que se alastravam por séculos e décadas no nosso país. Nas ruas, o grito era o da transformação. A forma de se fazer política iria mudar, as prioridades iriam ser outras. Os políticos de esquerda sempre foram vistos como “revolucionários” e, para a população, com o petista não seria diferente.
Depois de mais de vinte anos de ditadura militar, estagnação econômica e oito anos de uma ofensiva política neoliberal, o país finalmente teria a oportunidade de crescer e romper com tudo aquilo que o ultrajava. Muitas eram as expectativas sobre quais seriam as medidas que Lula iria tomar para resolver os problemas da saúde, falta de emprego, violência, inflação, dentre outros.
O novo presidente teria uma árdua tarefa pela frente: conseguir atender aos apelos dos seus eleitores desejosos de um país mais justo e humano. Não tardou muito para que, em seu primeiro mandato, houvesse alguns escândalos políticos com os seus “homens de confiança”, o que levou alguns dos que julgavam o partido como “acima do bem e do mal” a entenderem, de uma vez por todas, que a máquina pública é difícil de ser gerida e mesmo Lula, não seria o “super homem”, como todos esperavam que ele fosse.
Mesmo assim, os acertos superaram os erros e o ex-torneiro mecânico foi reeleito com um número de votos muito superior em relação ao segundo colocado, Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo. Tendo como bandeira de luta a manutenção das conquistas de seu primeiro mandato que, via de regra, não foram poucas, Lula voltou a assentar-se na cadeira presidencial sob ameaça de manifestações a favor de sua renúncia.
O início de seu segundo mandato foi marcado por conquistas significativamente importantes para a evolução do nosso país. Em vários sentidos, as condições são bem mais favoráveis do que na época do governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo. Além disso, a favor do governo do PT, ocorreram profundas mudanças na América Latina nos últimos anos.
Em 2003, só havia um governo progressista na região, o de Hugo Chávez. Nos demais países latino-americanos a relação com os Estados Unidos era de total dependência sócio-política. Hoje, os países estão unidos em prol de tornarem-se independentes da política norte-americana e usam o Brasil como exemplo desta “quebra de laços”.
A oposição foi obrigada a reconhecer os méritos de um presidente como Lula. É praticamente incompreensível ser contrário a tanto desenvolvimento. A democracia existe e tem que ser cumprida e, infelizmente, o petista não poderá mais ser candidato nas próximas eleições.
Cai por terra aquele ditado que diz que “em time que está ganhando não se mexe”. Veremos o nosso país, a partir de 2011, nas mãos de outro governante e aí, todos os medos e angústias que tínhamos, voltarão. E, ao que tudo indica, voltaremos a viver sob a égide do neoliberalismo.
A menos que o próximo presidente reconheça os méritos do governo que está chegando ao fim, teremos que conviver com o retrocesso econômico e político, e é aí que reside o lado ruim da democracia. Lula merece todos os méritos que houverem. Merecia ser eleito quantas vezes fossem necessárias porque ainda existem dificuldades que precisam ser solucionadas.
Resta a nós, brasileiros, torcer para que se faça jus ao que foi conquistado a nosso favor. Lula vai, mas ainda continuará presente na memória de todos como um exemplo de Chefe de Estado. Dificilmente outro político será tão popular quanto o pernambucano e isto têm uma razão de ser: Jamais, político algum no Brasil, soube ouvir e atender tão bem aos anseios do povo!

Um comentário:

  1. Brilhante. Sem dúvidas ele é um dos melhores presidentes e ficará na memória da maioria de nós brasileiros.

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